A grande maioria de estudos indica que a suplementação aguda
com creatina pode rapidamente elevar o ganho de força e de massa
muscular, principalmente através do aumento do volume de água
intracelular. Esses efeitos geralmente estão associados a melhoras
no desempenho físico(44,46). No entanto, recentemente, algumas
pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de encontrar outros
relevantes benefícios da suplementação com creatina, incluindo
alguns efeitos sobre o estresse oxidativo celular e sobre a recuperação
de lesões do tecido muscular, principalmente aquelas promovidas
por exercícios exaustivos de mais longa duração(45,47).
A partir de pesquisas como a de Vergnani et al.(48), que demonstraram
o fundamental papel antioxidante do aminoácido arginina
na remoção de radicais O2
-
em células endoteliais, levantou-se a
hipótese de que a creatina também tivesse um efeito no metabolismo
redox celular. Uma das primeiras evidências da contribuição
da creatina na redução do estresse oxidativo foi descrita por Lawler
et al.(49), em que a administração do suplemento resultou em
menor quantidade de radicais •O2
-
e peroxinitrito (•OONO).
Não
foram observadas, todavia, menores quantidades de H2O2 e PL, o
que sugeriu que as propriedades antioxidantes da creatina poderiam
ser seletivas e bastante limitadas.
Estudos relacionando a creatina e o volume celular demonstram
que a maior captação de íons sódio, induzida pela elevada
concentração de creatina intracelular, aumenta o volume da célula,
fator considerado como um sinal anabólico, uma vez que o volume
celular altera favoravelmente o turnover protéico, promovendo
maior síntese protéica e aumentando a disponibilidade de
substratos para os diversos sistemas envolvidos no processo de
reparação tecidual(45,49-50). A hipótese da suplementação com creatina
atenuar o estresse oxidativo foi testada por Santos et al.(51),
que avaliaram o efeito da administração aguda com creatina (4
doses de 5g/dia por 5 dias) sobre alguns marcadores de lesão e
de inflamação, após uma corrida de 30km. Os resultados demonstraram
menor concentração de CK, LDH, prostaglandina-E2 (PGE2)
e TNF-α no grupo suplementado com creatina, quando comparado
com o grupo controle. Esses fatos indicam que a creatina foi
capaz de diminuir as lesões celulares e a inflamação induzida por
exercícios exaustivos. Corroborando com esses resultados, Kreider
et al.(52) também verificaram que a suplementação aguda com
creatina reduziu a concentração de alguns parâmetros indicativos
de lesão muscular (CK e LDH) em atletas submetidos a uma longa
temporada de treinamentos intensos.
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