Em primeiro lugar, vamos focar-nos nos fatores que influenciam diretamente os treinos de resistência e o que é necessário saber sobre eles de modo a favorecer os resultados que podemos obter. Para estipular um programa de treino de resistência temos que ter em conta as variáveis principais do treino e para maximizar o seu efeito temos que as manipular adequadamente. Podemos destacar, entre estas variáveis, o volume, intensidade e frequência do treino.
1.Volume: Esta é uma das variáveis mais importantes a ter em conta quando se otimiza um treino de resistência. Vários guias de força muscular e hipertrofia aconselham um volume baixo para principiantes e indivíduos intermédios – entre 1 a 3 sets por cada músculo – e, para indivíduos mais avançados um maior volume – entre 3 a 6 sets por cada músculo. O aumento de aproximadamente 40% na hipertrofia e força está associado à faixa entre os 2 a 3 sets.
2. Frequência: Por frequência referimo-nos ao número de sessões de treino executado por cada grupo muscular no espaço de uma semana. Evidências científicas têm mostrado que, em indivíduos que treinam pouco, uma frequência de treino de 1 sessão por semana comparada a 2 sessões por semana provocam resultados semelhantes em termos de resistência e hipertrofia. Outros estudos, que se focaram nos indivíduos que treinam mais, compararam a frequência de uma sessão por semana a uma frequência de 5 sessões por semana, que demonstra que as últimas promovem uma hipertrofia maior. Assim, dependendo do nível individual, a frequência ideal para alcançar os melhores resultados na hipertrofia (ou seja, ganhar massa muscular) seria entre 1 a 4 sessões de treino por semana.
3. Intensidade: Em termos de intensidade, referimo-nos ao peso utilizado nos treinos e o esforço a que os sistema nervoso e muscular são submetidos. Estudos revelam que a intensidade mínima para a otimização e estímulo da hipertrofia seria 65% de 1RM ou mais. Embora haja estudos que revelaram que o treino com pouco peso (30%-60% de 1RM) produz uma hipertrofia semelhante ao treino com pesos moderados ou maiores (mais do que 60% de 1RM). Portanto, a melhor coisa a fazer é adaptar a intensidade dependendo do nível individual e objetivos desportivos. A necessidade de alcançar o fracasso de modo a promover uma maior hipertrofia é frequentemente aconselhada, porém nem sempre se comprova, visto que o treino com pesos maiores produz um crescimento muscular significativo quando 3 a 4 repetições são deixadas em reserva. Em resumo, para melhorar e promover o objetivo de ganhar massa muscular (hipertrofia) temos que combinar as diferentes intensidades (moderadas e elevadas).
Em segundo lugar, para além de treinar, outro aspeto a ter em conta para ganhar massa muscular é a nutrição, um fator essencial para promover um desempenho, recuperação e hipertrofia muscular melhores.
4. Ingestão de proteínas: Uma combinação adequada de ingestão de proteínas e treino de resistência é a estratégia mais eficiente para promover a hipertrofia. A massa muscular será regulada principalmente pelo chamado balanço proteico líquido, a diferença entre a síntese proteica e a degradação proteica. Se há um equilíbrio negativo de proteínas, a degradação muscular irá ocorrer. A ingestão de proteínas diárias deve ser entre 1,6-2,2 gramas por quilograma de peso corporal por dia.
5. Tempo de ingestão: O tempo de ingestão de proteínas é uma variável a considerar para a otimização da recuperação do músculo esquelético e da hipertrofia. A janela anabólica prevista dura durante 24 horas e existem estudos que aconselham o espaçamento da ingestão de proteínas entre 3 a 5 horas ao longo do dia, uma vez que maximiza a síntese proteica muscular ao longo de 12 horas.
6. Fonte de proteínas: Ganhos específicos do treino de resistência podem depender do tipo de fonte de proteína. O conteúdo de leucina das fontes de proteína que escolhemos é crucial. O consumo de 3 a 4 g de leucina por dose de proteína irá promover uma síntese proteica máxima. Um complemento ideal é um suplemento de proteína de whey que providencie pelo menos 3 gramas de leucina por dose.
7. Estado nutricional: De acordo com a posição do “International Society of Sport Nutrition ” (ISSN), a sincronização de nutrientes, a proporção de certos macronutrientes, o uso do planeamento metódico e a gestão de alimentos integrais, alimentos enriquecidos e suplementos dietéticos, irão melhorar o desempenho desportivo, a recuperação pós exercício físico, a reparação dos tecidos musculares diferentes e também irão aumentar a síntese de proteínas musculares. Para ganhar massa muscular é então preciso estarmos atentos à nossa nutrição.
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