quarta-feira, 11 de abril de 2018
Treinamento de Força em mulheres menopausadas com osteoporose
É indispensável a prática de exercícios na infância e na adolescência, pois esta tem sido associada à manutenção da DMO na terceira idade (RADOMINSKI et al., 2004). Para Ribeiro et al. (2010), existe um pico de massa óssea que é atingido aproximadamente por volta dos trinta anos, sendo que entre os trinta e os quarenta anos ocorre um equilíbrio entre a formação óssea - atividade osteoblática e reabsorção óssea – atividade osteoclástica, momento este em que a massa óssea se mantém, conforme demostrado na figura 3. Herdina (2008) descreve que esse pico é o maior valor de massa óssea alcançada pelo indivíduo, momento este em que o esqueleto está totalmente mineralizado, entre a idade de 25-30 anos. Para Trindades e Rodrigues (2007), esse pico ocorre entre vinte e trinta anos.
O TF causa impacto sobre o esqueleto, tanto por ação direta quanto por ação indireta através do aumento de força muscular, preservando a massa óssea, sendo que ocorre uma disposição dessa massa proporcionalmente à força muscular, pois a maior tração exercida por músculos mais fortes serve como estímulo na mineralização dos ossos (LEITÃO et al., 2000). Silva (2014) afirma que, após a mulher praticar o TF, o tecido ósseo passa a solicitar mais cálcio, fazendo com que o osso tenha uma melhor absorção, ocorrendo a reposição óssea.
O TF adequadamente programado na fase de crescimento potencializa a DMO por aumentarem o pico de massa óssea, causando uma redução de risco de fraturas no estágio adulto (RIBEIRO et al., 2010). Os indivíduos que praticam TF têm níveis de DMO maiores, em média 40% em relação aos sedentários da mesma faixa etária (SCHENEIDER; MILANI, 2002).
A importância do TF na atividade física para as mulheres menopausadas reflete na prevenção e na reabilitação em parâmetros funcionais e metabólicos, como a osteoporose, a sarcopenia, controle de peso e obesidade. As entidades American Collegeof Sports Medicine 1998 (ACSM) e National Institutes of Health 1995 (NIH) reconhecem o TF como uma prática recomendada para este público (BARBOSA et al., 2000; MORAES et al., 2004). O TF, quando praticado com regularidade, pode aumentar a força muscular com positivasrepercussões na proteção contra quedas, além do eficiente estímulo para o aumento da massa óssea (JOVINE et al., 2006). Silva e Farinatti (2007) alegam que o TF melhora a estrutura e função articular, muscular e óssea em qualquer idade, desde que levem em consideração a intensidade, volume e frequência do treinamento.
Outro grande benefício do TF, quando utilizado em conjunto com um treino de flexibilidade, permite a mulher desempenhar suas atividades diárias sem risco de lesões, sendo que a manutenção da força, ou seu aprimoramento, permite a qualquer indivíduo realizar seus afazeres diários com menor estresse fisiológico, podendo minimizar os danos causados pelo envelhecimento e tornando a mulher independente em suas atividades diárias (VALE et al., 2006). Ribeiro et al. (2010) afirmam existir evidência de que o TF causa o aumento da DMO em mulheres pós-menopausa. Entretanto, Rebello e Pinto (2011), relatam que nenhum estudo foi capaz de comprovar o aumento da DMO em participantes de TF na pós menopausa, mas sim, um ganho de força e massa muscular, melhora na mobilidade, prevenindo as mulheres menopausadas de sofreram fraturas decorrentes de quedas Leitão et al. (2000), descrevem que com a prática regular e correta do TF, associada à ingestão alimentar adequada, não intervém na função hormonal, mas pode transformar em um instrumento importante para o ganho de massa óssea a partir da adolescência, favorecendo uma profilaxia primária da osteoporose pós-menopausa.
Os exercícios para este grupo de pessoas, a princípio, devem enfatizar os grandes grupos musculares e depois devem ser adicionados exercícios para os grupos menores. É indicado priorizar o trabalho nos aparelhos, assim diminui o risco de quedas. Não se deve fazer o teste de carga máxima pelo risco de fraturas, mas começar com exercícios de resistência muscular para depois colocar progressivamente os exercícios de força (TRINDADES; RODRIGUES, 2007)
Meireles e Nunes (2012) realizaram uma pesquisa de caráter experimental, com objetivo de analisar um programa de TF na DMO de mulheres na pós-menopausa. A pesquisa contou com 20 mulheres, de uma comunidade de Pelotas, que apresentavam diagnóstico de osteopenia e osteoporose, na condição de menopausadas.
O programa de treinamento consistiu em 12 meses de TF, com duração de 1 hora, sendo dividido em 5 minutos iniciais de alongamento e aquecimento articular, 50 minutos de TF nas máquinas e mais 5 minutos de alongamento e relaxamento muscular, com cargas que variaram de 60 a 85% de 1 RM, e três sessões semanais. Como resultado, houve uma redução significante no risco de fraturas de 75% da DMO da coluna, entre pré e pós-treinamento, e uma redução de 33% da DMO dofêmur entre pré e pós-treinamento.
Concluíram que houve melhora significativa na DMO de mulheres menopausadas na condição de osteopenia ou osteoporose, observando também um aumento nos componentes de aptidão física voltada à saúde, como flexibilidade, percentual de gordura e força que melhoram a autonomia em atividades do cotidiano.
Um estudo realizado por AUAD et al. (2008), comparou e avaliou a qualidade de vida de mulheres com osteoporose, por meio do Osteporosis Assessment Questionnaire. Foram avaliadas 28 mulheres com osteoporose, com faixa etária entre 69 e 80 anos, encaminhadas pelo grupo de doenças ósseo-metabólicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e ali separadas em dois grupos: grupo 1 composto por 15 mulheres inativas fisicamente, e grupo 2 composto por 13 mulheres ativas fisicamente. As participantes do grupo 2 realizaram em um período de oito meses, com frequência de duas vezes por semana, sessões de exercícios com duração de uma hora, de alongamento de tronco e membros, exercícios aeróbicos de intensidade leve e TF com cargas baixas, sendo que todos os exercícios foram realizados em três séries de doze repetições. Foi aplicado um questionário, visando avaliar a qualidade de vida de ambos os grupos, bem utilizado o teste de Mann-Whitney para comparar os resultados das situações pré e pós-treinamento do grupo 2 e inicial e final do grupo 1, sendo considerado uma significância de 5%. Os resultados mostraram uma melhor pontuação do grupo 2 em todos os domínios no pós-treinamento (aspecto físico, aspecto psicológico, dificuldade relacionada ao trabalho, sintomas, interação social, saúde geral e imagem corporal), levando em consideração a situação do pré- treinamento. E com relação ao grupo 1, concluiu-se que a atividade física realizada com regularidade pode apresentar uma melhoria na qualidade de vida de mulheres com osteoporose.
É de suma importância que as mulheres no período pós-menopausa busquem a prática do TF, pois tal prática desenvolve o bem-estar da saúde física e mental (PRAZERES, 2007). A prática do TF diminui a sintomatologia do climatério (TAIROVA; LORENZI, 2011). Leitão et al. (2000), apresentam relatos do efeito benéfico do TF sobre fogachos (sensação de calor que sobe à face) e a depressão psíquica no climatério. Deve-se ressaltar que os exercícios do TF praticados com regularidade pelas mulheres contribuem não somente para uma melhoria no tecido ósseo, mas também para o aumento da força muscular, levando à melhora na estabilidade postural, tornando a mulher menopausada independente nas realizações de suas atividades diárias (SILVA, 2014).
Com o aumento do número de mulheres na pós-menopausa e com osteoporose, faz-se necessário que a área de saúde, em especial a Educação Física, esteja disposta a atender a esta demanda com programas eficazes de TF, tanto para a profilaxia, como para o tratamento (MEIRELES; NUNES, 2012). O implemento desses programas não deve ser somente para mulheres na pré e pós-menopausa, deve ser inserido de forma preventiva, no período da infância e adolescência, para que as mulheres possam chegar à fase da menopausa com maior massa óssea (LIMA; FONTANA, 2000). Segundo Duarte et al. (2002), é de responsabilidade dos profissionais de Educação Física conscientizar este público sobre a importância da prática do TF em toda e qualquer fase da vida. As benfeitorias desta conscientização são reconhecidas no meio acadêmico, porém é preciso descobrir formas de incentivo ao comportamento ativo através de estudos sobre o ponto de vista acerca das pessoas envolvidas.
fonte: http://189.43.21.151/revista/index.php/saudeemfoco/article/viewFile/1516/491491498
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